Despedidas


Eu juro que quase consigo me sentir em um campo minado, em plena Guerra Mundial, quando estamos a fila do meu ônibus, esperando atentamente a hora da minha partida. Na porta, você me dá alguns beijos corridos, tímidos e suporta a cara brava do motorista, pelo atraso provocado. Como se eu tivesse prestes a não voltar, você me olha ainda do ponto de ônibus e vou seguindo o meu caminho olhando para trás, vendo você ficando cada vez menor, até desaparecer. Então depois de alguns minutos meu lábios começam a pinicar, esboço um sorriso bobo e toco os lábios bem devagar, sentindo o seu lábio macio e o gosto de melancia, seu beijo ainda fresco. 

Então sinto uma saudade imensurável, que aperta de mansinho meu coração, então eu encosto a cabeça no vidro e coloco algumas músicas para tocar. No meio dos pensamentos, das cenas refeitas e agradecimentos de ter-lhe visto, caio no sono. Acordo, mais tarde, na escuridão, próximo de onde devo descer. Você já deve estar em casa e eu torço para que sim, que esteja bem. Então eu desço do ônibus, aumento a música e vou para casa com um novo sorriso, sabendo que amanhã voltarei para você, voltarei após todas as despedidas da guerra não vivida.

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